tag:blogger.com,1999:blog-25500840471841095912024-03-19T01:45:12.392-03:00PaleontoLógicoFlávio Prettohttp://www.blogger.com/profile/02871009977504612962noreply@blogger.comBlogger4125tag:blogger.com,1999:blog-2550084047184109591.post-2047367318989904052012-07-21T10:50:00.003-03:002012-07-21T10:52:45.106-03:00Paleontologia brasileira na TVVocê sabe o que faz um paleontólogo? Você já se perguntou como fazemos pra encontrar um fóssil? Como se coleta? Pra onde o material vai?<br />
Você sabia que o Brasil tem uma forte tradição paleontológica? E que continua formando profissionais da área?<br />
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A <b>Paleontologia </b><i><span style="color: #f1c232;">está mais perto do que você pensa</span></i>. Às vezes, um fóssil pode estar enterrado <i>no quintal da sua casa</i> (acreditem, isso já aconteceu aqui mesmo no Brasil)!<br />
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Pra quem não sabia (e pra quem curte o assunto), o Globo Universidade gravou uma matéria bem bacana com a equipe da <b>UFRGS</b> e com pesquisadores da <b>UFRJ</b>. Fazendo um pouquinho de auto-propaganda (que em nome da cultura, não faz mal a ninguém), vai aí o vídeo completo (<span style="color: #6fa8dc;">é só clicar na imagem</span>)!<br />
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<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="http://redeglobo.globo.com/globouniversidade/videos/t/edicoes/v/paleontologia-integra/2046375/"><img border="0" height="360" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjR6B0t0R94DzdlwPekA3qrrq3u1jvjlWzBRxJ7h-GX2jhCfFiH6NhaYdJju5DRsH8NrMHBFOwJTL9DU9WfSJgJox7Yept3aqXx1LsO5R970z5EGCd60NNcuRZqdgBNiXVveqrodX4pIg9L/s640/DSC00836a.jpg" width="640" /></a></div>
<br />Flávio Prettohttp://www.blogger.com/profile/02871009977504612962noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2550084047184109591.post-20472621482509612942011-07-16T01:45:00.001-03:002011-07-16T01:47:23.251-03:00A Explosão do Cambriano em músicaA <a href="http://paleontologico.blogspot.com/2010/05/vida-longa-ao-bizarro.html">primeira postagem</a> desse blog (há mais de um ano), fazia alusão à fauna de <i>Burgess Shale</i>, típica do Canadá. A fauna de Burgess marca um momento crucial da vida na Terra. Antes do Cambriano (período do tempo onde ela surgiu), havia muito pouca diversidade de organismos vivos. Mas de repente, em poucos milhões de anos (o que, contrastando com os 4,5 <i><b>bilhões </b></i>de anos da Terra, é <i>quase nada</i>), surgiu uma diversidade <b>fascinante </b>de organismos. Esse surgimento repentino de formas vivas é chamado de <b><span class="Apple-style-span" style="color: orange;">Explosão Cambriana</span></b>, e é possivel que nesse evento tenham surgido quase todos (senão todos) os grandes grupos de animais viventes (e muitos outros que se perderam ao longo do caminho e acabaram extintos).<br />
Enfim, em um tempo propício talvez discutamos mais sobre a fauna de <i>Burgess </i>e a <b>Explosão Cambriana</b>.<br />
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O motivo dessa postagem, na verdade, é mostrar uma música, composta pelo canadense John Palmer, um professor de música que acabou dando aula de ciências no ensino fundamental. É uma pena que o vídeo seja em inglês sem legendas, mas vou tentar providenciar uma cópia legendada. Uma proposta muito bacana pra levar a Paleontologia local pra sala de aula!<br />
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Enjoy!<br />
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<object style="height: 390px; width: 640px;"><param name="movie" value="http://www.youtube.com/v/EMwxwRA9Xr8?version=3"><param name="allowFullScreen" value="true"><param name="allowScriptAccess" value="always"><embed src="http://www.youtube.com/v/EMwxwRA9Xr8?version=3" type="application/x-shockwave-flash" allowfullscreen="true" allowScriptAccess="always" width="640" height="390"></object>Flávio Prettohttp://www.blogger.com/profile/02871009977504612962noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-2550084047184109591.post-83999094918565264452011-07-14T21:48:00.001-03:002011-07-15T03:32:24.127-03:00Como fazer um gigante - Parte 1<div style="text-align: justify;">É só falar em dinossauro que (talvez depois do famigerado T-Rex) a primeira imagem que vem à mente é a dos <b>gigantescos </b>saurópodes, os <i>dinossauros "pescoçudos"</i>. Os saurópodes foram os maiores animais terrestres de todos os tempos, alguns deles atingindo mais de <i>40 metros</i> de comprimento, e passando das <i><span class="Apple-style-span">100 toneladas</span></i> de massa. Só pra dar uma idéia de escala, observe a foto abaixo, tirada no <i>Museo Paleontologico Egidio Feruglio</i>, na Argentina. Pequenino (vou compreender se você demorar pra encontrar), está este que vos escreve, contrastando com o gigantesco <i>Argentinosaurus</i> (note bem: <b><i><span class="Apple-style-span" style="color: #6aa84f;">sem o pescoço!</span></i></b>).</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="-webkit-text-decorations-in-effect: underline; color: #0000ee;"><img alt="" border="0" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5629397742581624594" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjyJLokOrUSE5sDAyo94h9kMi1WUAAtiwsRGeUWYD0GbrPfvaWzYKGSfBLUPzIe2AmDIzyOW2cedOmPdDFKwGlWfxXjv8wMznNb8oTnIHXIOo2pm93Rst15IU-mdxbGXKFcSQAzSWZRSOg0/s400/DSC01227.JPG" style="cursor: pointer; display: block; height: 400px; margin-bottom: 10px; margin-left: auto; margin-right: auto; margin-top: 0px; text-align: center; width: 300px;" /></span></div><div style="text-align: left;">Esses verdadeiros titãs do Mesozóico não eram grandes à toa: ao mover o longo pescoço, o animal cobria uma área enorme ao se alimentar, <i>sem precisar dar um único passo</i>. Com isso, erguendo a cabeça, esses <span class="Apple-style-span" style="color: #6aa84f;"><b>dinossauros <span class="Apple-style-span">herbívoros</span></b><span class="Apple-style-span"> </span></span>conseguiam alcançar as folhas mais altas e tenras das árvores da época, ou pastar sobre <i>áreas imensas</i> de vegetação rasteira, apenas movendo o pescoço para os lados. Só que a digestão das folhas exige <i>um grande espaço físico</i> (não é a toa que grandes herbívoros possuem uma barriga grande - pense num rinoceronte, num elefante, ou mesmo numa vaca, que você vai me dar razão nesse ponto). Quebrar as cadeias de <b>celulose </b>das plantas e transforma-las em <b>glicose</b>, aproveitável pelo organismo, exige tempo, e espaço. <i>É como um tanque de fermentação:</i> quanto mais folhas o animal estoca, e quanto mais tempo ele passa digerindo, mais energia ele obtém. Agora, imagine a quantidade de vegetação que precisava pra alimentar um corpanzil de 100 toneladas?</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Só que uma coisa acarreta em outra: assim como a herbivoria exigia um grande aparelho digestivo, e adaptações para ingerir grandes quantidades de comida sem gastar muita energia se deslocando, sustentar um corpo daquele tamanho praticamente desafiava as leis da física: era literalmente <i><span class="Apple-style-span" style="color: #6aa84f;">um problema de peso</span></i>! Um problema, cuja solução evolutiva os paleontólogos descobriram pouco a pouco, juntando evidências a partir dos fósseis.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Os saurópodes acumularam uma série de adaptações estruturais para lidar com isso: pernas <b>maciças</b>, mantidas eretas abaixo do corpo, agiam como os pilares de <b>sustentação </b>de um prédio. O longo pescoço tinha vértebras <b>ocas</b>, preenchidas por sacos aéreos, para <i>diminuir o peso</i>, e facilitar a mobilidade. A cabeça <i>pequena </i>cumpria o mesmo propósito. Por fim, a cauda <b>massiva </b>servia de contrapeso para o pescoço. As patas, e em especial os dedos, sofreram uma redução no número de ossos, trocando mobilidade por <b>robustez </b>(assim o animal não corria o risco de quebrar os dedos ao apoiar o peso sobre eles). Por fim, as costelas tinham que ser <b>reforçadas</b>, para suportar o enorme volume dos órgãos internos sem ceder para os lados.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Pra ilustrar essa mistura de características adaptativas, a reconstrução abaixo retrata um saurópodo hermano, o <i>Patagosaurus fariasi </i>do Jurássico da Patagônia Argentina. Mas este era um saurópodo modesto. Tinha <i>apenas</i> 18 metros. Chinfrim. <i><span class="Apple-style-span" style="color: #6aa84f;">Coisa pequena</span></i>.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><img alt="" border="0" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5629387521979473330" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg9CXh5M7yNiEggj1IhrrUzkA1Fcz0zLaz9sm9f4s48WxHf1RkG8eQ7joRJ6fAF2-i50Gw5YxqtaMnSkAdEpOO3Hu81UKcNatYhgkz7ds84zxRVo8eue4nr-ecsOhqzZquJY-DeJwMgl8ZP/s400/Patagosaurus_by_VoltaireArts.jpg" style="cursor: pointer; display: block; height: 183px; margin-bottom: 10px; margin-left: auto; margin-right: auto; margin-top: 0px; text-align: center; width: 400px;" /></div><div style="text-align: center;">(créditos da imagem: Voltaire Neto - <a href="http://voltairearts.deviantart.com/">voltairearts.deviantart.com</a>)</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Pois bem: por décadas, os cientistas quebraram a cabeça para entender como animais desse tamanho poderiam funcionar. Ainda hoje, perguntas assolam a cabeça dos paleontólogos: como o coração desses bichos bombeava o sangue pescoço acima? Que tamanho tinha que ter um pulmão capaz de ventilar um corpo desse tamanho? <span class="Apple-style-span" style="color: #6aa84f;"><i>Como um filhote de algumas dezenas de <b>quilos </b>se tornava um adulto de dezenas de <b>toneladas</b></i>?</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: #6aa84f;"><br />
</span></div><div style="text-align: justify;">Mas a mais intrigante de todas, sem dúvida: como um bicho desses <b>evoluiu</b>? <i><span class="Apple-style-span" style="color: #6aa84f;">Como "fazer" um gigante?</span></i></div><div style="text-align: justify;"><i><br />
</i></div><div style="text-align: justify;">Recentemente, e aos poucos, essa pergunta vem sendo respondida com novos achados. Mas vou fazer um pouco de suspense e guardar o segredo pras próximas postagens!<br />
<a name='more'></a></div>Flávio Prettohttp://www.blogger.com/profile/02871009977504612962noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2550084047184109591.post-18941620111153306982010-05-13T23:24:00.001-03:002011-07-16T01:48:24.707-03:00Vida longa ao bizarro!Abro alas com um artigo de sobre paleoinvertebrados. Mesmo sendo um aficcionado por osteologia e pelos vertebrados em geral, não há paleontólogo que não reconheça a espetacularidade dos invertebrados fósseis do <strong><span style="color: #009900;">Folhelho Burgess</span></strong> (mais sobre eles no famoso “<em><span style="color: #009900;">Vida Maravilhosa</span></em>”, do igualmente famigerado paleontólogo <strong>Stephen Jay Gould</strong>). Em resumo, os fósseis de <span style="color: white;">Burgess</span> remetem ao <span style="color: #009900;">Cambriano</span> (com mais de <strong>490</strong> milhões de anos de idade), todos de organismos de <em><span style="color: #009900;">corpo mole</span></em>, e todos com suas singulares e (porque não?) <strong><span style="color: #009900;">bizarras</span></strong> formas de ser. Pois então. Acabou o Cambriano, acabou a fauna de Burgess, certo?<br />
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<strong>Errado!</strong> Apesar de se acreditar nisso por muito tempo (ainda que tenham havido contrários a essa crença), agora uma belíssima coleção de fósseis do <span style="color: #009900;">Ordoviciano</span> (período subseqüente ao Cambriano) do Marrocos veio para mudar esse fato. Alguns dos espécimes são apresentados no artigo de capa da edição de hoje da revista Nature (leia o artigo clicando <a href="http://www.nature.com/nature/journal/v465/n7295/pdf/nature09038.pdf"><strong><span style="color: #3333ff;">aqui</span></strong></a>).<br />
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<img alt="" border="0" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5470948272091916754" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiimVW-DAtalIvIeiP030Yr2fobeoy-QpztAhU0ZQ41qM2PjpLReu7a0_UWLbZlngQg0ntrzoH5aM3WEsBKhwADRXDhU6gtQOG6A7k2J_dPMXSPWUE_oT2D1eB0gHIAUW31-3_hmVIitN8O/s400/BLog1.jpg" style="cursor: hand; display: block; height: 400px; margin: 0px auto 10px; text-align: center; width: 225px;" /><br />
Acreditava-se que a maior parte da fauna típica de Burgess teria sido extinta e substituída por espécies surgidas no Grande Evento de Diversificação do Ordoviciano (que praticamente <em><span style="color: #009900;">quadruplicou</span></em> o número de gêneros viventes). O aumento da complexidade ecológica, acompanhante desse aumento de diversidade poderia ter tido efeito nessa possível extinção.<br />
Neste artigo, os autores relatam que não uma extinção, mas sim <em>a ausência de locais propícios</em> para fossilização seria responsável por tão poucos achados de faunas semelhantes à de Burgess em outros locais de outros períodos geológicos. Os organismos do Folhelho Burgess são via de regra <span style="color: #009900;"><em>desprovidos de partes duras</em></span>. Partes moles só se preservam em ambientes sedimentares <span style="color: #009900;"><strong>muito especiais</strong></span> (onde não haja oxidação, nem ação de decompositores, e onde o organismo seja rapidamente soterrado por sedimentos muito finos, entre outros pré-requisitos). Como locais que reúnam essas condições perfeitas são relativamente raros, os fósseis acabam sendo igualmente escassos.<br />
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O fato do vale de Draa (sudeste do Marrocos) reunir todas essas condições permitiu preservar o testemunho de que, mesmo em sedimentos mais jovens, exemplares comparáveis à antiga fauna de Burgess persistiram. E mais: associados a grupos <em>inteiramente novos</em> para a época (como as recém surgidas estrelas-do-mar e os caranguejos-ferradura, entre outros), evidenciando uma fauna <span style="color: #33cc00;">ainda mais diversa</span> que a de “Vida Maravilhosa”. Alguns, de fato, são tão bizarros que, com a ajuda das cores conferidas pelos minerais que os compõem, arrisco dizer que dariam uma ótima capa para um álbum do <span style="color: #cc33cc;"><em>Pink Floyd</em></span>.Flávio Prettohttp://www.blogger.com/profile/02871009977504612962noreply@blogger.com0